“Sons marginais, sem interesse, sem qualificação nem acesso à academia de música. Estatuto de barulho, desafinados, poderão ser escutados vezes ao dia, não se faz caso. A pulsação de uma tarefa, de uma máquina, o suspiro da rotina, a tagarelice da natureza, anexos que não se leem, versos tidos como vazios”.
Desenvolvido por
Samuel Martins Coelho (músico)
César Estrela (cenógrafo)
Estranhofone,
para espicaçar o visível e o audível, para incitar a visão e a escuta sensível do banal, do inútil, da aparição comum, para activar a sonda da utopia e, porventura, estremecer os limites da deliberação do real. Resulta do desafio de redimensionar lugares, conferindo-lhes uma envolvência cénica e sonora, pela intervenção e operação de objectos criados para comportar estas duas dimensões.
Estranhofones,
construídos a partir de material vulgar, por um processo de reciclagem e reconversão, que valoriza a fonética depreciável ou perdida do material, sua natureza, memória e nudez. Ocorre por exploração plástica, pela inclusão de materiais, estritamente para a corporização do objecto visual e sonoro, com minúcia e particularidade, sem cosmética, com narrativa na construção e uma constante consideração do comportamento ficcional. Uma quimera, um amoldar heterogéneo para se revelar numa figura homogénea.